Por que repetimos o que nos faz mal?
- Paola Manzoli
- 20 de fev.
- 2 min de leitura

Repetir faz parte da vida. Não é estranho pensar que, se uma experiência nos satisfaz, buscamos repeti-la e consequentemente repetir o prazer associado a ela.
O que causa inquietação é quando nos percebemos repetindo comportamentos que nos fazem sentir mal – permanecemos em um relacionamento com muitas brigas, mantemos um hábito prejudicial à saúde, ou mesmo recusamos oportunidades profissionais que nos trariam sucesso.
A Psicanálise propõe que, muitas vezes, nos sentimos compelidos a repetir esses padrões quando nossa capacidade de pensar está impedida. Isso porque a repetição está ligada a uma questão que ainda não sabemos resolver, um conflito inconsciente que não acessamos porque ele está além da nossa capacidade de pensar e, principalmente, de processar as emoções que ele carrega.
Na tentativa de nos vermos livres dessa inquietação interna, utilizamos o repertório escasso de recursos que desenvolvemos para lidar com esse conflito aparentemente insolúvel: alguns retomam com o ex que juraram nunca mais ver, outros bebem todas as noites, ou recusam mais uma promoção no trabalho para evitar a angústia contraditória do sucesso. Logo nos percebemos em um ciclo de sofrimento que se repete, se repete, se repete… sempre igual. Questionamo-nos: “será que um dia vou sentir, pensar e fazer diferente?”
Algo novo acontece quando olhamos com cuidado para as mensagens que esses atos carregam e, aos poucos, processamos seu emaranhado emocional: o que era repetido sempre do mesmo jeito passa a ser repetido com pequenas mudanças, novos pontos de clareza… depois de algum tempo, conhecemos melhor o chão onde pisamos e a caminhamos de forma mais consciente e ativa, com nossa capacidade de pensar restaurada.
A repetição guarda a esperança de que talvez, desta vez, algo seja diferente… e a verdade é que, quando nos propomos a suportar o desconforto de olhar para o que não entendemos em nós mesmos, torna-se possível mudar.
Escrito por Paola Manzoli.
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