Falar de si é importante
- Paola Manzoli
- 25 de out. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de out. de 2023

Falar de si é a principal atividade de alguém que está em psicoterapia. O paciente fala ao terapeuta sobre seus sintomas, sua história, seus desejos, seus medos… às vezes o discurso sai fácil, fluindo com rapidez, mas em outros momentos o paciente encontra dificuldades: muitas vezes, não sabe o que dizer ou sente que está dizendo as coisas erradas.
Falar de si é como se olhar no espelho: às vezes gostamos da imagem refletida e a experiência é agradável. Outras vezes, a achamos inadequada, feia, e não queremos mais olhar. O mais assustador, entretanto, é quando olhamos e não nos reconhecemos.
Em sessão, o paciente fala de si a alguém que o escuta com atenção, sem julgamentos, e que está preparado para acolher a imagem bonita, a feia e a irreconhecível. Quando não temos um lugar seguro onde possamos olhar para nós mesmos na companhia de alguém em quem confiamos, fechamos os olhos para certos aspectos de quem somos. Acumulam-se imagens não vistas, palavras não ditas, que não olhamos e não dizemos porque não sabemos como fazê-lo sozinhos.
Falar de si para alguém que deseja escutar é a possibilidade de narrarmos o que já sabemos sobre nós e também aquilo que ainda não sabemos. Em psicoterapia, exercitamos o “músculo da autonarrativa”, e aos poucos compreendemos melhor quem somos, sentindo-nos cada vez mais como os autores e protagonistas de nossa história. Torna-se mais fácil olhar a imagem no espelho e nos reconhecermos, ainda que ela nos cause orgulho ou vergonha.
Escrito por Paola Manzoli
Imagem: Norman Rockwell - Girl at the Mirror, 1954.
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